O Sorriso de Marina Silva (Ou : Cada País Tem a Mona Lisa Que Merece)

Um novo mistério - de solução mais urgente que as causas que abateram o avião que levava o terceiro colocado, em intenções de voto, na sucessão presidencial de 2014  - se acumula feito neblina, melhor, feito poluição, sobre o "acidente" que matou Eduardo Campos : por que ri Marina Silva, sobre o caixão de seu aliado político? Por que esse riso demente, pouco mais que um esgar nervoso? O que se esconde, ou revela, seu enigmático, fanático e fundamentalista sorriso debruçado sobre o esquife de quem a acolheu como sua vice?
Enigmático é o caralho!!! Fanático, fundamentalista e sedento de poder, sim.
Marina Silva saiu do PT - ou saíram com ela -, Marina Silva saiu do PV - ou saíram com ela -, Marina Silva tentou fundar um novo partido, o Rede, o TSE não engoliu tal embuste, houve até tentativa de fraude no número de assinaturas necessário à fundação do grei.
Sem eira nem beira, conformou-se, brasa encoberta, animal ferido, em ser a vice de Eduardo Campos. Engoliu a seco e com sorriso amarelo esse troféu abacaxi, essa humilhação, esse degrau decrescente em sua escalada política, um prêmio de consolação para quem, em 2010, no pleito presidencial, teve expressiva e inesperada votação.
Por que ri Marina Silva? Ri porque a morte de um, a tristeza de vários, é o renascimento, é o júbilo de outro.
Marina Silva, antes do "acidente" que pôs fim a Eduardo Campos, era a vice do terceiro colocado, bem distante dos dois primeiros, nas pesquisas das eleições presidenciais de 2014. Ou seja, era o cocô do mosquito que fica rodeando a bosta do cavalo do bandido de filmes de bang-bang.
De repente, BANG, está lá um avião estendido no chão. E de repente, BANG, está lá Marina Silva, lançada com força igual à da explosão do avião, porém em sentido oposto, para cima, para o alto e avante.
De um dia para outro, de um instante para outro, Marina Silva deixou de ser a vice de um improvável presidente da república e foi alçada à candidata substituta natural do partido. Ainda que não oficializada a transferência do bastão para Marina, ela já conta, segundo pesquisa publicada hoje pela Folha de São Paulo, com 21% das intenções de voto, contra 20% das intenções em Aécio Neves, até então o mais provável rival de Dilma Rousseff num eventual segundo turno.
Politicamente falando, a morte "acidental" de Eduardo Campos foi, para Marina Silva, acertar na megassena acumulada. Foi a salvação da lavoura, a salvação da pátria. Por isso, ri Marina Silva. Já no velório, já no momento em que recebeu a notícia da morte do aliado, Marina ficou ciente da mudança de seu status na corrida  presidencial.
Acredito que talvez - um talvez, assim, bem longíquo - a pessoa Marina Silva fosse incapaz de rir sobre os restos mortais da pessoa Eduardo Campos. Mas a política Marina Silva não rir, sorrir, frente aos despojos fúnebres do político Eduardo Campos, já é pedir demais. É impossível. É querer conter um ato falho, um arco reflexo. Refrear publicamente tal satisfação, denotaria uma retidão de caráter imensamente maior que a possuída por qualquer político brasileiro, seja ele de que partido for.
Por que ri Marina Silva? Porque ganhou na megassena acumulada. Porque herdou uma fortuna de um parente distante, aqueles parentes que a gente nem sabe que existem. Ir ao funeral do remoto consaguíneo, prestar condolências aos filhos e à viúva, tudo bem, tudo nos conformes. Mas chorar? Convenhamos :  você também não riria?

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