Colcha de Retalhos

Ser uno, capado, coeso... 
Sinto-me, de possibilidades, 
Ereto e obeso. 
Costurado nesse franzino corpo 
E nessa cabeça quadrada, 
Só me liberta, ilusoriamente, o copo, 
Meu voo no cercado de minha sacada. 
   
E ao manter-me uno, 
Me puno, 
Estrangulo vidas, 
Engulo meu tesão e me escravizo, 
Aborto mundos, afogo civilizações, 
Represo, em meu útero, 
Todas as minhas células de sorriso. 
Exibo-me uma galeria de vilões. 

Todo dia a mesma assinatura, 
Toda a vida a mesma digital, 
Toda a noite a mesma sinecura, 
Toda a noite me pego em um funeral: 
Velo e pranteio por cada espermatozoide que poderia ter sido eu.

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