Luas Ladras De Bagdá

Os cafés da Tia Nastácia,
As siestas em tapetes voadores
Por entre os minaretes de Bagdá
(espantando as garças que voam e me fazem chorar);
O vinho de algas azuis
Tomada à beira de uma Atlântida
Ainda não submersa;
Os pergaminhos roubados
E os mapas-múndi de nossos mundos
Esboçados à magna luz do olhar de Alexandre
Em sua fênix-biblioteca,
Nossas meias-noites em carruagens de abóboras.

Tão pequena a probabilidade de voltar a acontecer
Que começo a considerar a grande probabilidade
De nunca ter acontecido.
De ter sido mera travessura de Sandman
E seu embornal de areia,
Poeira colhida do teu Mar da Tranquilidade.
Traquinagem de João Pestana
Que invadiu nosso Sonhar
Sem escrúpulo, crápula
Sem pestanejar.

Se disseres que não,
Que nada aconteceu,
Que tudo é novidade para ti,
Ficarei tranquilo em vida,
Mas angustiadíssimo na hora da morte
(por não ter velejado no mercúrio líquido do teu ventre prateado, pulsante e maravilhosamente sem som).

Se disseres que sim,
Que igualmente tudo é boa memória para ti,
E certeza de impossibilidade futura,
Viverei atormentado
Mas estarei sereno na hora da morte
(feito astronauta que arranca voluntariamente o capacete e sucumbe feliz sem ar nas tuas invaginações, na tua cratera mais acolhedora).

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