É a Podridão, Meu Velho (11)

E olha que eu trapaceei,
Dormi a tarde inteira
Para que a madrugada pensasse
Que ainda sou viril.
E olha que rondei a cidade
A me procurar.
E olha que pus o arado de diamante na vitrola
Para reaerar e adubar
Os sulcos dos velhos vinis
(Pus Chico, pus Nélson, pus Ney, pus Adoniran, pus Raul, pus o Rei).
E olha que escavei as velhas gavetas
As velhas cartas
As velhas fotografias
Reli os velhos gibis.
E olha que tomei rum
Puta que o pariu se tomei rum!!!
O meu superamendoim,
O meu espinafre,
O meu soro do supersoldado,
A minha picada de aranha radiativa,
A minha explosão gama,
O meu mjolnir.
E nada dos ossos soldarem,
Das asas reinflarem.
E olha que eu esperei,
Parado,
Pregado na pedra do porto...
E nada do meu galeão-fantasma,
Do meu holandês voador
Atracar.

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2 Comentários

  1. Muito legal! Arado de diamante foi um achado espetacular.

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    1. E o melhor é que muito poucos saberão decifrar, essa é só para os cinquentenários ou mais.
      Um dia desses, mostrei um vinil pro meu filho e ele ficou fascinado, pelo disco, pela capa, pelos encartes.

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