Jumentrô do Lula

Pela primeira vez, acho que vou concordar com alguma coisa que o ex-presidente Lula disse. 
Durante o 4º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas (e nem chamaram o Marreta), Lula se declarou de saco cheio com o falatório em torno das estações de metrô que deveriam praticamente desembocar nas entradas dos estádios da Copa.
Palavras do companheiro Lula : "Nós nunca tivemos problemas para andar a pé. Vai descalço, de bicicleta, de jumento, vai de qualquer coisa... Acha que estamos preocupados. 'Ah, turista tem que ter metrô que leve até dentro do estádio. Que babaquice é essa? Temos que dar para essa gente garantia de assistir ao jogo, comer nossa comida, ser bem tratado bem nos nossos hotéis... É isso que temos que ter com orgulho".
Rapaz, claro que ele está tirando o rabo do PT da reta, toda a verba para as tais estações deve ter saído dos cofres públicos e nada de metrô aparecer, mas não é que, do jeito torto dele, ele está corretíssimo? Metrô tem que ter é para o sujeito que acorda cedo e vai ao trabalho ou à escola. E não tem. Pra turista ver jogo de futebol? Porra nenhuma que tem. Não vai ter metrô nem pra inglês ver. Nem pra italiano nem pra espanhol nem pra alemão nem pra sueco... O Lula tá certo. 
Vai de ônibus, de táxi, a pé, ou mesmo, como bem sugeriu Lula, de jumento; sobretudo de jumento, ou seja, autotração. É o Jumentrô! É o Lula inovando na engenharia de transporte e tráfego urbano, o Jumentrô do Lula. E ainda dizem que o cara é ignorante, analfabeto.
Como de praxe, o governo federal investiu muito mal nessas obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo. Há uma opção muito mais barata que ampliar metrô, ruas, avenidas etc. O governo poderia ter importado da China a ideia do riquixá, a ideia e o próprio riquixá. Que é aquela carrocinha puxada por um chinês com capacidade para duas pessoas se acomodarem. 
Era só mandar vir alguns milhares de riquixás da China e pôr o pessoal que vive às custas de cesta básica, bolsa-isso, bolsa-aquilo, bolsa-aquiloutro, em uma missão das mais patrióticas, levar a passeio de riquixá o turista estrangeiro. Que, no fim das contas, é isso o que o brasileiro faz desde os tempos de Cabral, carregar estrangeiro nas costas. E faz com muito gosto, com um sorriso desdentado nos lábios.
Se o riquixá fosse adotado, não seria necessário cavar túnel para metrô nem construir nenhuma obra bilionária nem desapropriar famílias de suas residências para ampliação da malha viária. E ainda o riquixá é muito mais ecológico, não consome recursos naturais não-renováveis, não polui. 
Quer dizer, é mais ou menos ecológico... quer dizer, quase não polui. Se acontece o que aconteceu com o português que entregava leite de carroça, teríamos sérios problemas ambientais, um desastre ecológico sem precedentes mundiais.
Diz que o português entregava, todas as manhãs, o leite de seus fregueses montado numa carrocinha puxada por um jumentinho, companheiro seu de décadas. Um dia, o jumento morreu e o português, sem grana para comprar outro, estava a reclamar do infortúnio para o seu amigo Joaquim. Joaquim sugeriu que Manuel mesmo puxasse a carroça, tomasse o lugar do jumento, uma vez que a carroça era de pequeno porte. Algum tempo depois, os amigos se reecontraram e Joaquim perguntou a Manuel se ele já se habituara a puxar a carroça. Manuel respondeu-lhe : - puxar a carroça é fácil, ó pá, o que eu não consigo é me acostumar a cagar andando.
Deixemos de babaquice, companheiros.

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