Carta ao Desmemoriado Amigo Fernandão

Grande e corno amigo,
abri ontem minha misantrópica caixa de e-mails e dei lá com uma mensagem tua. Há tempos não enviavas tuas minimalistas missivas eletrônicas; as reais, com folha pautada, envelope, selo, remetente etc, nunca as recebi de ti. Folgou-me saber de tua lembrança, e confesso que, a princípio, animei-me com o título de teu e-mail :  A peludinha da REVISTA PLAYBOY - Nanda Costa - Agosto/2013‏.
Abri e estavam lá tuas poucas e mal digitadas linhas :  Essa é um mimo pra vc se deliciar...........vc gosta de peluda ms q eu sei. Estilo claudia......kkkkkkkkkkk.
Começaste acertando, lacônico amigo, bem sabes de minha predileção pelo mato alto. Neste aspecto, poucos são mais ecológicos que eu. Sou pela preservação plena e irrestrita das matas de várzea, ciliar e grã-labial.
Devo dizer que não fazia a mínima ideia de quem pudesse ser Nanda Costa, mas fosse ela, como garantiste em tua fala, dona de uma portentosa caranguejeira, isso é o que menos importava. Baixei as fotos para apurada apreciação.
Decepcionei-me! Nem tanto com a glabra Nanda Costa, a quem não conhecia e de quem, portanto, não esperava grandes cousas, mas com tua falha percepção em confundir parca vegetação de caatinga com densa, úmida e quente floresta equatorial.
Confesso-te : preocupei-me!
Foste uma lenda em tua época, possuías avantajada - e justificada - fama, detinhas poderes inimagináveis para reles mortais, feito eu e o Margá; não havia kriptonita para ti.
Entristeceu-me ver-te assim, desmemoriado, olvidado do que seja um verdadeiro bucetão.
Será a idade, que avança tirana? Ou o hábito do álcool a congestionar-te as sinapses? Idade, tenho mais que ti; cerveja, poção mágica à qual me iniciaste, acredito que hoje te supere em quantidade e frequencia. Não obstantes os dois fatores considerados, ainda identifico mui bem uma verdadeira cabeluda.
Talvez a falta de sono, notória algoz da boa memória, fruto de suas noites passadas em claro nas mesas de pôquer. Sim, há de ser isso.
Cambiaste um vício por outro. Trocaste o lanoso felpudo das caranguejeiras pelo ralo e sintético feltro das mesas de baralho. Donde não consegues mais estimar com aguda precisão - longe disso, aliás - com quantos pelos se faz uma Cláudia Ohana.
Cláudia Ohana, com quem, inclusive, comparaste a imberbe moçoila Nanda Costa. Blasfêmia, caro amigo! Heresia das brabas! Claúdia Ohana é a deusa suprema da pilosidade e da bucetância. Faltaste com respeito aos deuses, velho amigo. Temo pelo castigo que advirá à tua incauta pessoa, quiçá a concretização da praga do Cristiano, o Mineiro.
Com igual desrespeito, portaram-se Nanda Costa e a produção da revista Playboy. Tendo as fotos sido feitas em Cuba, terra de Fidel, um dos barbudões-mores do planeta, Nanda Costa deveria ter recebido orientações da revista Playboy para deixar a barba crescer livre, desgrenhada e selvagem. Uma atitude de respeito para com El Comandante, e mesmo uma digna homenagem.
Porém, nada vi de barbas de Fidel nas fotos que enviaste, corno amigo. Vi bigodinhos de Hitler!
Para finalizar, reforço minha preocupação contigo e o convite feito em minha rápida resposta ao teu e-mail. Se estiveres por cá nesse próximo fim de semana, telefones para teu velho e devoto amigo, para entornarmos umas geladas, relembrarmos antigas histórias e falarmos mal da vida alheia.
Também pretendo iniciar teu tratamento de recuperação. Passar-te-ei, à socapa, à distração de nossas mulheres, a clássica edição da Playboy com a Cléo Brandão. Lembra-te dela? Pois ainda a guardo em boa e segura gaveta. Cléo Brandão é outro ícone do desmatamento zero, outra cabeluda de respeito, e que se tanto não parece às primeiras olhadas, é pelo alourado translúcido dos pelos.
Ela até perde para a Cláudia Ohana, mas dá trabalho, não perde por nocaute, não, é peleja das mais acirradas, uma disputa urna a urna, com direito a recontagem dos pentelhos e segundo turno. Quero crer que ela começará a desanuviar tua memória em relação ao que seja uma verdadeira peludona.
No mais, despeço-me em reverência e aguardo por alvissareiras notícias tuas.
Azarão, o mestre do azar.

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2 Comentários

  1. Caro amigo Azarão,

    Agradeço sua nobre preocupação comigo, mas já se vão longos e passados anos e como a vida não tem perdão, nossos superpoderes, sejam quais forem,acabam por serem enfraquecidos pelo tempo. Na nobre arte que sempre fui mestre (lembra daquela de Araraquara, quase pego com a boca na butija e vc desesperado a me procurar.....kkkkk), pois bem, já não mais me dou estes devaneios, agora sou pai e pra meu desespero, de uma menina. Não que a praga do mineiro (el construtor) pegue, mas a natureza e mais forte.
    Sem mais, deixo aqui um agradecimento público pela vossa amizade (que se não é das mais assíduas, pelo menos e das mais sinceras. Grande abraço....

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  2. Marretada certeira, Azarão!
    Quando vi a playboy e li alguns comentários por essas bandas virtuais, também lembrei da saudosa Ohana. O verdadeiro bucetão peludo.
    A Nanda Costa não é das mais legítimas, verdade, mas tendo em vista o que se ver hoje, ela é uma mata das boas.
    Lembrei também da finada Vera Fischer, que na sua última play, deixou de lado a lâmina cruel, e na época, assim como a Nanda, também recebeu umas e outras críticas.

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